Tradução de Helmer Souza
A editora Ricomunicare (Praça Giuseppe Mazzini, 27 – 00195, Roma), em dezembro de 2018, publicou a obra de Danilo Quinto intitulada “Dio o Mammona. Non si possono servire due padroni”.
São escritos cheios de intensidade, que o autor quis oferecer a seus leitores. Através deles, revela-se imediatamente – desde as primeiras páginas do livro – uma fé forte, radical e nada disposta ao compromisso ou a ser “acomodatícia” com o mundo. Ela é acompanhada, sem embargo, por uma compreensível amargura em relação à atual situação eclesial, social e política. Essa é a razão pela qual podemos definir o presente trabalho como intermédio entre as rigorosas críticas aos homens da Igreja neste momento quase totalmente descristianizado e um convite para não se desesperar, mas para permanecer firme na fé em Cristo, na certeza de que nenhum mal, por mais arraigado e persuasivo que seja, pode durar para sempre ou sair finalmente vitorioso de seu conflito contra o bem. Pode vencer algumas batalhas – se Deus permite – mas não pode jamais vencer as guerras e não pode jamais estabelecer seu domínio de maneira definitiva.
Há certamente para todos: para o Papa e para muitos dos seus que estão devastando a Igreja; para uma política completamente submetida aos diktats (n. do tradutor: “ditames”) da perversa seita maçônica, das finanças globais e aos lobbies de poder; para uma sociedade ideologizada e doente de relativismo e niilismo. Existe, contudo, uma matriz comum à base da desolação e da devastação destes tempos: a rebelião e rejeição de Cristo, de sua Cruz, de sua Realeza, de seu direito absoluto a reinar, tanto no céu como na terra. O que substancialmente é descrito no livro é o enfrentamento em ato entre Deus e o demônio, entre a luz e as trevas, entre os poucos que permanecem fiéis a Cristo e os muitos que, seduzidos pelas bajulações do mundo, são jogados nos braços do maligno.
A situação mais ruinosa é seguramente a que há no interior da Igreja. A crise nela é evidente, palpável e lampante: uma crise que começou com o Concílio Vaticano II e que tem chegado agora a um ponto que, naquela época, quiçá nem sequer as previsões mais pessimistas poderiam ter imaginado. Os bispos e cardeais que sustentam a necessidade de dialogar com a maçonaria, seita anticristã constantemente condenada pelo Magistério Católico, cujo objetivo foi desde sempre destruir a Igreja, conduzir a cristandade à apostasia, derrubar o Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo para substituí-lo pelo reino de satanás, que é a quem os maçons rendem verdadeiramente culto, esses clérigos renegados chegam inclusive a afirmar a existência de uma semelhança, de princípios e intenções, entre a Igreja de Jesus Cristo, a Católica, Apostólica e Romana, e a seita satânica por excelência, que é a maçonaria.
São imposturas desse tipo os frutos venenosos da “primavera” conciliar, do “novo paradigma”, inaugurado precisamente por aquele evento funesto que foi o Vaticano II. Particularmente, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, que foram afirmados, na ocasião, como necessários para que a Igreja pudesse estar “acompanhando os tempos” e continuar relacionando-se com o mundo. Mas a Igreja não é do mundo. Está nele para cumprir a missão que lhe foi confiada pelo próprio Cristo – guiar e defender o rebanho, além de evangelizar e conduzir todas as almas à salvação –, mas não é do mundo, já que o mundo pertence às trevas.
O imanentismo foi um dos princípios inspiradores do Concílio e é a base de toda heresia e de todo desvio: com efeito, negando a existência de uma realidade além da habitada pelo homem, acaba inevitavelmente colocando o mesmo homem no centro, com sua subjetividade, suas emoções, seus desejos, suas necessidades e sua consciência. Tudo procede e tudo se resolve pelo homem e no homem. O homem se torna o centro de tudo que irradia como princípio e o que tudo tem como fim, o alfa e o ômega. Se se nega a realidade sobrenatural priorizando a natural, a consequência implícita de semelhante aberração filosófica é a negação de Deus e a exaltação do homem como “expoente proeminente” da natureza (humanismo ateu), ou panteísmo, pelo qual Deus não é um Ente transcendente, mas imanente, presente na natureza e nas criaturas, que são o mesmo que Deus. É aqui revelado o segredo e a raiz enferma do montiniano “culto do homem”.
O diálogo ecumênico, característica principal da “neo-igreja” surgida do Concílio, tem sua origem precisamente nesta concepção equivocada: se, com efeito, o homem é o centro de tudo (antropocentrismo), se ele mesmo é criador, conservador e destruidor de tudo, enquanto princípio e fim de tudo, Deus e as religiões, como a verdade, são um produto da consciência e das necessidades humanas; logo não existe um só Deus, Uno em natureza e Trino em pessoas, mas poderiam haver tantas divindades quantas pessoas neste mundo; não existe uma só verdade, tanto no campo religioso como no âmbito ético-moral, absoluto, objetivo e universal, que procede do único Deus verdadeiro, senão que tantas verdades quantos indivíduos ou comunidades humanas existem.
Por conseguinte, ninguém pode dizer crer no Deus verdadeiro, pertencer à Igreja verdadeira ou atuar segundo a ordem moral objetiva. Tem que abrir-se ao outro, dialogar com ele, tolerá-lo, viver juntos pacificamente e abster-se de condenar os erros. São os elogios ao relativismo e ao subjetivismo, que são o prelúdio do niilismo: se, com efeito, o homem cria a religião ou código moral mais adequado para atender suas aspirações e suas necessidades, do mesmo modo pode mudar ou destruir quando e como quiser o que criou.
O ecumenismo (que é o relativismo teológico-religioso), louvando o diálogo, o encontro e a pacificação, se presta ao projeto maçônico de destruição da única religião verdadeira – a católica, a única capaz de reunir a toda a humanidade por razão de sua origem divina e das promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo –, cujo lugar deveria ocupar uma espécie de “Religião do Amor”, na qual o amor a Deus é substituído pelo amor ao homem pelo homem, unido ao culto da liberdade, e pelos direitos de todos. Esse seria o resultado do catolicismo esvaziado de dogmas e de conteúdos, que tanto agrada aos modernistas. Essa é a religião que, nos sinistros planos dos maçons, deveria unir o mundo no lugar da Fé católica: o globalismo maçônico contra o universalismo católico, um que quer unir em um erro disfarçado de tolerância, de diálogo e de fraternidade, e o outro que quer unir na Verdade de Cristo e de sua Igreja. A verdade… a grande ausente de nossos dias, aquela pela qual todo cristão deveria estar disposto a sacrificar inclusive sua própria vida. A verdade – é sabido – não é democrática, não é ecumênica, não é liberal: a verdade simplesmente é, sem nenhum compromisso e de maneira absoluta. Mas é inconveniente para os ouvidos dos modernos, logo também para a “neo-igreja”, que não deseja senão estar no mundo, ser do mundo e para o mundo; é muito melhor falar de ecologia, de migrante ou de discriminação social que dizer que se é a única Igreja instituída pelo Único Deus Verdadeiro, que cumpre um mandado específico d’Ele: ensinar, guiar e proteger o povo cristão para a salvação de sua alma.
Post Scriptum: Texto original escrito em italiano e vertido ao espanhol por Immaculatae Miles. Disponível em: https://adelantelafe.com/no-se-puede-servir-a-dos-senores.
Sobre o autor: Sí Sí No No é um perfil italiano, que possui textos publicados no portal católico espanhol Adelantelafe.com. O referido perfil é vinculado ao site http://www.sisinono.org, que hospeda artigos do periódico italiano de mesmo nome.