Eis a sentença: a morte virá para todos. E logo após virá o julgamento, o juízo particular. Por ocasião da vinda gloriosa de Cristo, no fim dos tempos, haverá também o juízo universal, onde todos conhecerão a todos, e serão revelados os pecados e os pensamentos mais escondidos nos corações dos homens. Onde muitos dos últimos serão os primeiros e muitos do primeiros serão os últimos. E, por fim, onde será manifestado todo o esplendor da glória de Deus e dos seus santos.
Tal verdade de fé impõe a seguinte reflexão: haverá apenas dois lados. À direita, ouvir-se-á do Juiz: “Vinde, benditos!”. À esquerda, ouvir se-á: “Afastai-vos de mim!”. De que lado estará cada um de nós, quando chegar o grande Dies Irae (Dia da Ira do Senhor)?
Observando a vida dos santos, vemos que muitos deles tremeram ante o último suspiro, vendo-se aproximar o instante derradeiro de suas vidas. Com quanto maior razão não devemos nós nos prepararmos para a nossa morte?
O Livro Sagrado traz inúmeras passagens alertando sobre a morte. Em Ap 3, 3, lemos: “lembra-te de como recebeste e ouviste a doutrina. Observa-a e arrepende-te. Se não vigiares, virei a ti como um ladrão e não saberás a que hora irei te surpreender.” O evangelho de Mateus também adota a metáfora do ladrão para transmitir a imprevisibilidade da hora de nossa morte: “compreendei isto: se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e não permitiria que sua casa fosse arrombada” (Mt 24, 43).
Disso se depreende o quão presunçosa é a atitude daquele que vive sempre adiando para “amanhã” a sua conversão, uma vez que ao homem não foi dado conhecer o termo final de sua vida.
Se por um lado parece terrível a sentença da morte, por outro lado, a todos aqueles que combaterem o bom combate, completarem a carreira e guardarem a fé estará reservada uma coroa de justiça. Assim nos assegura São Paulo, ao falar de sua própria vida de entrega a Jesus Cristo. O mesmo apóstolo diz ainda, em outra passagem: “olhos não viram, ouvidos não ouviram, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 1 Cor 2, 9
Com efeito, se morrermos em Cristo, com Ele ressuscitaremos. Ora, se Cristo ressuscitou glorioso, também gloriosos serão os corpos dos seus eleitos, não havendo mais doenças, tristezas, angústias nem morte, mas somente felicidade eterna, junto a Deus e seus santos.
É por isso que a morte não nos deve desesperar. Devemos, antes, vê-la como a passagem para o prêmio prometido pelo Cristo a todo aquele que, renunciando ao pecado, entregou sua vida a Deus. Poderá o justo então dizer “morrer para mim é lucro”, pois não teve medo de, em vida, anunciar com palavras e atos: “Viver para mim é Cristo!”.
Quando vamos ao cemitério, vemos os jazigos e meditamos sobre a vida dos que já partiram. Rezamos pelas almas dos falecidos, de modo a que sejam purificadas e socorridas do Purgatório e possam ir para junto de Deus.
Várias são as imagens piedosas do campo-santo que nos remetem à eternidade: a imagem do Cristo crucificado, as dos anjos e as dos santos. Todas elas aludem à firme esperança da ressurreição e nos animam a continuarmos a caminhada com coragem, enfrentando nossos medos e carregando nossas cruzes até o dia de nossa morte, que, por sinal, é o mais importante dia de nossas vidas, porquanto dele dependerá toda a eternidade.
Diante dessa reflexão, aproveitemos nossas visitas ao cemitério para sempre recordar a promessa divina de que:
“Quem crê em Mim, ainda que esteja morto viverá. Quem vive e crê em Mim, não morrerá eternamente.” Jo 11, 25-26
Uma resposta
Nos momentos ruins, podemos pensar na recompensa eterna que teremos se continuarmos vivos na fé. Nós, filhos do Pai Eterno, não podemos permitir que as dificuldades e aflições do dia-a-dia apaguem a chama da nossa fé, por isso é tão importante orarmos todo instante possível, para mantermos um bom relacionamento com o nosso Criador.