Já se passaram onze anos desde que ressurgiu em Montes Claros a Santa Missa Tridentina. Esse rito fascinante vigorou na Igreja por mais de um milênio como o modo ordinário de celebrar a renovação incruenta do sacrifício de Cristo na cruz. Sim, a missa é, sem nada tirar ou por, o mesmo e único sacrifício de Nosso Salvador, que foi antecipado na Ceia da Quinta-feira Santa, consumado cruentamente na Sexta-feira da Paixão e desde então atualizado nos altares do mundo até a consumação dos séculos. A morte redentora de Cristo no Monte Calvário, o apogeu da história humana, que sustenta o mundo e atrai a misericórdia divina sobre os homens, essa mesma morte é sacramentalmente revivida todas as vezes que o sacerdote sobe ao altar para oferecer a Deus Pai o culto supremo de adoração, reparação, ação de graças e louvor.
Alguns poderiam indagar se não estaria fora de moda tal forma de cultuar a Deus, num mundo tão moderno e com tantos recursos audiovisuais. Só podemos responder que a Missa não é da terra, e sim do Céu, e que nós apenas guardamos e transmitimos aquilo que recebemos por Tradição, pois foi o mesmo Deus que, por obra do Espírito Santo, estabeleceu como quer ser cultuado pela sua Igreja. Guardando a fé por meio da Liturgia antiga, se evidencia que Deus não está no rumor (cf. 1Rs 19, 10-15), e que o silêncio é, de certo modo, a forma mais eloquente de manifestar o louvor e a glória que são devidas somente a Ele.
Em tempos de “Traditionis Custodes” – documento do Papa Francisco que restringiu a celebração da Missa Tridentina no mundo católico -, admiramos como obra do Senhor, pelas mãos de Nossa Senhora, a manutenção da Missa Tradicional em Montes Claros. A Sociedade da Santíssima Virgem Maria (SSVM) tem colaborado denotadamente, sem poupar esforços, para que não seja suprimido o sacrifício perpétuo neste rito nunca ab-rogado e que – ao contrário -, foi não somente codificado como também canonizado pelo Papa São Pio V. Sabemos, no entanto, que sem o influxo invisível da graça, obtida pela oração, nada do que já conseguimos teria sido possível alcançar, e que sem a perseverante súplica de todos os que rezam pela intenção da Missa, nada do conquistado se manterá.
À nossa Igreja particular, na figura do nosso arcebispo, D. José Carlos, agradecemos pelo suporte da chama que ainda fumega da Missa. Contudo respeitosamente entendemos que nem poderia ser de outra maneira, visto que – como dizem muitos padres – a acolhida do irmão diferente, o respeito pelas minorias, a sinodalidade e a escuta dos desejos dos fiéis num mundo plural são princípios assumidos por todos aqueles que seguem o Vaticano II, e tais princípios estão ao menos implícitos na letra dos documentos conciliares. Sem nenhum rancor, no entanto, confessamos que ainda esperamos dos muitos que professam sua abertura pelo “novo” e respeito ao “diferente” caridosa participação conosco na celebração dos sagrados mistérios.
Por fim, não podemos deixar de lembrar gratamente de tantos que passaram fazendo o bem pela Missa Tridentina, e aqui não há como olvidar, dentre tantos, do saudoso Pe. Henrique Munáiz Puig, de piedosa memória, bem como do Rev. Pe. Gledson Eduardo, que com tanto cuidado pastoral é o atual capelão da Missa, ajudado pelo Rev. Pe. Fredson; a eles nossos mais sinceros agradecimentos. E que venham muitos anos pela frente de Missa Tridentina em Montes Claros, onde subimos ao Altar de Deus, “ad Deum qui laetíficat juventútem meam”.
Uma resposta
Que Maria Virgem continue abrindo as portas para a piedade Tridentina!