Falarei hoje, ligeiramente, da Sociologia. Não pelo desejo de me mostrar sociólogo. Deus me defenda desta pretensão.
Tenho outro tema, outro ideal. A minha ambição confunde-se com a de S. Paulo: “Não quero ter senão uma ciência, um desejo, uma ambição; a ciência, o desejo, a ambição do Sagrado Coração de Jesus.”
Por isso não me apresento como homem de ciência, mas com a minha alma de sacerdote. Que depois destas conferências possais dizer: “Fala, realmente, como um sacerdote!”
Se as almas soubessem a virtude, a força que se oculta na ciência do amor de Deus!
É n’Ele que consiste toda a minha ciência, a ciência da misericórdia do Coração de Jesus.
Não sei se conheceis aquele famoso quadro, que, em uma cena única, mostra toda a filosofia socialista. Nele se veem mineiros que se dirigem aos seus patrões, mostrando-lhes a vala negra de Satanás e do mundo, onde foram lançados; apontam o céu com um gesto que significa: Tu nos tiraste a esperança, o amor de Jesus, destruíste em nós a consciência, a vida sobrenatural. Temos necessidade do Paraíso que nos roubaste. Gozas, és rico, tens mesa posta e todos os desejos satisfeitos; e nós? Também queremos gozar e, como nos afirmas que não temos uma recompensa lá em cima, contra tua vontade, queremos a nossa parte aqui.
A negação da fé é o verdadeiro motivo do desequilíbrio moral de hoje, origem de tudo que a revolução social tem de mais deplorável. Os poderes públicos se esforçam por manter a ordem social, mas o caminho para se chegar às almas e aos corações não está escrito nas leis da terra. Só a filosofia cristã contém a verdadeira sabedoria. A sabedoria única é a do Mestre Divino, do Coração de Jesus.
Se a sociedade está desorientada, só poderemos chamá-la à razão organizando, com urgência, uma Cruzada Santa, que chegue à alma do povo, através da santificação do lar doméstico.
Tratados de paz foram assinados e muitos talvez tenham exclamado com alívio: Eis, finalmente, a paz! Em vez disso, porém, o que temos visto? Seríamos muito ingênuos se acreditássemos poder alguém elaborar projetos de paz duradoura esquecendo Jesus Cristo.
Senhor Jesus, celebrar a paz sem Ti não poderá ser, jamais, modo de afastar os perigos. Suprimir Deus na paz! Que loucura!
As desordens atuais são a consequência lógica desse erro, e nós poderíamos gritar ao mundo inteiro: O verdadeiro Mestre e árbitro da sociedade é Jesus Cristo… Mãos à obra, para reintegrá-lo no lar, no coração do lar, a fim de que Ele aí permaneça pela oração e pelo amor.
Estareis vós bem compenetrados da seriedade desse objetivo e de que para alcançá-lo não é suficiente uma devoçãozinha superficial com um sucesso passageiro?
Devemos fazer Jesus Cristo reinar, antes de tudo, em nossos corações; depois em cada família. Transformar os lares, para que Ele aí more realmente, como em Nazaré e na Betânia. Urge ter Jesus presente em nossa casa.
Sobre o Autor: Pe. Matteo Crawley foi um dos principais entusiastas e propagador da devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus e sua entronização nos lares, no início do séc. XX.
Referência bibliográfica:
Pe. Matteo Crawley-Boevey, SS.CC, do livro “Jovem, Medita!” traduzido do original italiano por Dalva de Mattos, 1942, ed. Fenix Gráfica Bahia, páginas 87 a 89.