Assunção da Santíssima Virgem Maria

“Maria, levada até ao Céu, recebe, no seio da Santíssima Trindade, a coroa real, das mãos do seu Filho, no meio das aclamações da corte angélica”. (Dom Gaspar Lefebvre, 1963)
Tempo Estimado de Leitura: 5 minutos

Assunção da Santíssima Virgem Maria

“Maria, levada até ao Céu, recebe, no seio da Santíssima Trindade, a coroa real, das mãos do seu Filho, no meio das aclamações da corte angélica”. (Dom Gaspar Lefebvre, 1963)
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No dia 1 de Novembro de 1950, Pio XII definia[1] o dogma da Assunção. Proclamava assim, solenemente, que a crença segundo a qual a Santíssima Virgem Maria, ao terminar sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma para a glória do Céu, faz realmente parte do depósito da fé recebida dos Apóstolos. Bendita entre todas as mulheres, em razão da sua maternidade divina, a Virgem Imaculada tivera, desde a sua Conceição, o privilégio de ser isenta do pecado original, não devia jamais conhecer a corrupção do túmulo. Para evitar qualquer dado incerto, o papa absteve-se de precisar o modo e as circunstâncias de tempo e lugar em que a Assunção se teria dado: apenas o fato da Assunção de Maria em corpo e alma à glória do Céu foi objeto da definição.

A nova missa da festa põe em evidência a própria Assunção e as suas conveniências teológicas. Maria aparece glorificada na Mulher descrita no Apocalipse (intróito), na filha do rei revestida de manto de ouro, do Salmo 44 (gradual), na mulher que com seu filho será inimiga vitoriosa do demônio (ofertório). São-lhe aplicados os louvores dirigidos a Judite triunfante (epístola); e sobretudo considera a Assunção o coroamento de todas as glórias que derivam da maternidade divina e que a própria Virgem cantou no seu Magnificat (evangelho). As orações fazem-nos pedir a Deus que possamos, como a Santíssima Virgem, estar continuamente atentos às coisas do alto, atingir a ressurreição bem-aventurada, e partilhar da sua glória no Céu.

Na liturgia encontra-se o culto da Assunção desde o século VI no Oriente; em Roma desde o século VII. Em Jerusalém, em Constantinopla e em Roma, organizava-se uma procissão em honra da Virgem. Em França a procissão que se faz, em 15 de Agosto, no fim das vésperas, recorda a consagração do país à Santíssima Virgem, feita por Luís XIII em 1638.

Estas são as figuras bíblicas de Maria que são utilizadas na liturgia do dia: a mulher que esmaga a cabeça da serpente (Gênesis 3, 9-15); a Sabedoria (Provérbios 8, 22-35; Eclesiástico 24, 11-31); a esposa (Cântico passim); Judite (epístola); a rainha (Salmo 44, 9-15); Maria, irmã de Marta (Lucas 10, 38-42); a mulher revestida de sol (Apocalipse 12).

Em honra da assunção gloriosa da Santíssima Virgem Maria, unamos nosso coração ao salutar anelo da Igreja, meditando algumas orações da liturgia de hoje, bem como a epístola e o Evangelho:

Intróito

Um Grande sinal apareceu no céu;
uma mulher vestida de sol, tendo a
lua debaixo dos seus pés e na cabeça
uma coroa de doze estrelas. Sl. Cantai
ao Senhor um cântico novo, porque ele
operou maravilhas. Glória…

Coleta

Ó Deus onipotente e sempiterno,
que arrebatastes à glória do Céu
em corpo e alma a imaculada
Virgem Maria, Mãe do Vosso Filho,
concedei, nós Vos pedimos, que,
preocupando-nos sempre com as
coisas do alto, mereçamos
ser participantes da sua glória.
Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola (Judite 13, 22-25; 15, 10)[2]

O Senhor abençoou-te com a sua fortaleza, pois que, por teu intermédio, reduziu a nada os nossos inimigos. Abençoada és tu, minha filha, pelo Senhor, o Deus Altíssimo, entre todas as mulheres da terra. Bendito seja o Senhor, criador do céu e da terra, que te levou a cortares a cabeça do chefe dos nossos inimigos. De tal maneira ele hoje glorificou o teu nome, que o teu nome não desaparecerá da boca dos homens, para sempre lembrados do poder do Senhor. Ao veres o sofrimento e a amargura do teu povo, não quisestes poupar a tua vida; antes nos salvastes da ruína, sob o olhar protetor do nosso Deus: Tu és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra do nosso povo.

Gradual

Ouve, minha filha, e vê, e inclina
o teu ouvido, e cobiçará o rei a
tua beleza. A princesa real entra
toda formosa e bela, de vestidos
recamados de ouro.

Aleluia

Aleluia, Aleluia. Maria foi levada ao Céu.
Alegra-se o exército dos anjos. Aleluia.

Evangelho (São Lucas 1, 41-50)[3]

Naquele tempo, Isabel foi cheia do Espírito Santo, e exclamou em voz forte, dizendo: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. Como pude eu merecer a dita de vir até mim a Mãe do meu Senhor? Na verdade, apenas ouvi as palavras da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio! Tu, sim, que és feliz, por teres acreditado que em ti se cumpriria o que te foi dito da parte do Senhor! Maria, então, prorrompeu: A minha alma glorifica ao Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador; porque se dignou baixar os olhos para a humilde condição da sua escrava; desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações: Porque O que é Poderoso fez em mim grandes coisas, e o seu nome é santo; e a sua misericórdia estende-se, através das idades, sobre todos os que O temem.


Notas:

1.   Todo dogma consiste no reconhecimento de que uma verdade de fé é de Tradição Apostólica, isto é, sempre foi crida pela Igreja desde os tempos apostólicos. Desse modo, a proclamação de um dogma nunca se trata de uma inovação teológica, mas de um ato solene por meio do qual a Igreja reconhece que determinada verdade sempre integrou o depósito da fé.

2.  É de grande regozijo perceber como as palavras aplicadas a Judite se aplicam tão perfeitamente à Santíssima Virgem Maria. Com efeito, bem dispôs a Providência Divina ao estabelecer inúmeros fatos da antiga aliança como prelúdio de manifestações da Nova Aliança. Isso a Igreja soube sabiamente reconhecer, tanto para a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, como para as de outros personagens bíblicos, a exemplo de São João Batista e da Santíssima Virgem Maria.

3.  Não há melhor cântico do que o Magnificat para celebrar, no dia do seu triunfo, as grandezas de Maria; a Igreja recorda-nos as circunstâncias em que Maria, num movimento de ação de graças inspirado pelo Espírito Santo, o pronunciou.


Referências:

1.   Missal Romano Cotidiano, por D. Gaspar Lefebvre, edição de 1963, p. 586-593.

Maria Sempre!

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