Carta aos membros, benfeitores e amigos da SSVM, em tempos de calamidade

Em tempos de pandemia internacional e restrições à administração dos sacramentos, o Presidente da SSVM escreve uma carta aos membros, benfeitores e amigos da Instituição.
Tempo Estimado de Leitura: 5 minutos

Carta aos membros, benfeitores e amigos da SSVM, em tempos de calamidade

Em tempos de pandemia internacional e restrições à administração dos sacramentos, o Presidente da SSVM escreve uma carta aos membros, benfeitores e amigos da Instituição.
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Caríssimos irmãos, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A julgar pelo que nossas autoridades religiosas e civis anunciaram, assim como por tudo o que temos acompanhado, são cada vez mais claros os sinais de que estamos num momento crítico, ameaçados por um vírus cuja capacidade de contágio e de destruição tem assustado.

Muitos fiéis ficaram perplexos com a indevida ingerência opressiva do poder temporal no domínio espiritual. É o que vemos com as proibições do Estado quanto ao culto público da única e verdadeira Igreja de Cristo. Ressalte-se também que, antes mesmo, lastimamos a iniciativa dos bispos de preceituarem a distribuição das comunhões “na mão”, uma prática desaconselhável que pode gerar certamente graves irreverências e profanações ao Augustíssimo Sacramento do Altar.

E, posteriormente, nos entristecemos com as suspensões das missas públicas e restrições dos demais sacramentos, cada vez mais difíceis de serem recebidos. Sendo os sacramentos as principais fontes da graça divina, doença alguma justifica algumas suspensões, ainda que a administração houvesse que ser mudada, adaptada às circunstâncias, seguindo os prudentes conselhos sanitários. Bom exemplo deram os bispos da Polônia, que ordenaram aumentar o número de missas (enquanto isto ainda era prudente), a fim de que os fiéis, distribuindo-se entre as várias celebrações, estivessem mais seguros.

Um adendo: observamos o esforço dos padres da tradição em dar assistência aos fiéis que lhes foram confiados, cumprindo seus deveres de estado, tantas vezes de forma heroica, fazendo o possível para ministrar os sacramentos, com os devidos cuidados, neste tempo crítico de pandemia e privações. Louvamos a Deus por isso! Eis a tradição católica!

Todavia, a despeito disso, temos nossos bispos, nossos pastores – eles, a quem aprouve à Providência Divina, em seu mistério, colocar-nos sob obediência. A eles foi confiado o pastoreio para o bem dos fiéis; ouçamos-lhes, filialmente, ainda que nem sempre suas decisões sejam as mais conformes ao maior bem espiritual possível dos fiéis. E as autoridades civis constituídas também ocupam o lugar permitido por Deus. Rezemos por elas, como sempre pediu a Santa Igreja, para que tenham luzes na administração das coisas temporais pelo bem comum, ainda mais neste período de calamidade.

Dada a situação que se apresenta, urge a necessidade gritante do conhecimento e da prática dos atos importantíssimos que se seguem:

I – A Contrição Perfeita: uma verdadeira chave de ouro para o Céu, tão mais urgente em tempos de enfermidade e com extremas dificuldades, impostas até mesmo por sacerdotes, para a confissão sacramental. É o pesar pelo pecado, por Amor a Deus, amado sobre todas as coisas. A Contrição Perfeita “obtém o perdão dos pecados mortais se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à Confissão Sacramental” (Catecismo  da Igreja Católica, n.  1452).

II – A Comunhão Espiritual: nessa impossibilidade de frequentarmos as Santas Missas para comungarmos, se estamos isentos de pecados mortais na consciência (seja pelo sacramento da Penitência ou por uma Contrição Perfeita), podemos nos unir espiritualmente ao Santo Sacrifício do Altar, rezando a Nosso Senhor Eucarístico, a exemplo do que descreve Santo Afonso de Ligório: “Se não posso recebê-lo sacramentalmente, vinde espiritualmente ao meu coração”. Certamente, como referiu o cardeal Burke, a Comunhão Espiritual é uma bela expressão de amor a Nosso Senhor e não deixará de trazer abundantes graças.

III – A reza diária do Santo Rosário: eis a devoção que tanto nos pediu a Virgem Santíssima em suas aparições reconhecidas pela Igreja. Recordo: São Luís, citando o bem-aventurado Alain de la Roche, menciona que a Virgem Puríssima revelou a este que, depois do Santo Sacrifício da Missa, não há devoção mais excelente e meritória do que o Rosário.

IV – Orações pelo fim dos flagelos: peçamos pelos que mais sofrem as consequências da pandemia, em especial pelo povo italiano, sem olvidar o nosso Brasil.

V – Pratiquemos a caridade com atos concretos de uns para com os outros: prevê-se uma recessão mundial, com dificuldades financeiras para todos, mas sempre há alguém mais necessitado material ou espiritualmente do que nós mesmos e que precisa de atos de misericórdia.

VI – Entronização do Sagrado Coração de Jesus em nossas casas: consagremos nosso lar e nossas famílias ao Sagrado Coração de Jesus, sob cuja proteção desejamos estar sempre, nas alegrias e nas provações. Como os bons padres já reiteraram, aproveitemos este período de quarentena para orações em família.

VII – Renove sua consagração à Virgem Santíssima. Se não é consagrado ainda, não deixe o tempo ocioso; aproveite-o para leituras de bons livros espirituais, incluindo o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, de São Luís de Montfort, dentre outros valorosos estudos. E se já é consagrado, por que não renovar a consagração neste momento?

VIII – Não percamos o olhar sobrenatural sobre os acontecimentos. A Exemplo: uma luz de esperança foi sabermos que hoje, 25/03/2020, os bispos de Portugal renovaram a consagração daquele país ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

Ademais, como não enxergar a Mão de Deus agindo através desta provação, que veio justamente na Quaresma? Façamos penitência! Deus quer tirar um bem maior para a Igreja nesses flagelos. Pensemos no Santo Padre e na crise pós conciliar. Rezemos por ele e pelo clero.

Cabe informar também que os membros da SSVM continuarão seus apostolados, sobretudo em oração, seja virtualmente ou até mesmo na Sala MBC, com as devidas precauções, até onde lhes for permitido pela prudência cristã.

Por fim, nas privações sejamos como o Glorioso São  José, Patrono da Igreja e da Sociedade da Santíssima Virgem Maria: conformemo-nos à vontade de Deus em tudo.

Montes Claros/MG, 25 de março de 2020 – Festa da Anunciação do Senhor.

João Soares de Oliveira Junior, Presidente da SSVM, em união com seu Conselho.

Maria Sempre!

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